Foi, na verdade, uma semana de verdadeira negação política. O que é extraordinariamente mau para o país e para os portugueses.
Revisitar Freud foi o primeiro conselho que me apeteceu dar a toda a classe política, principalmente aos principais atores: PS, PSD e CDS.
Julgo que esse não é o caminho.
Todos eles são demasiadamente crescidos, entendidos, maquiáveis, habituados nos jogos do poder e nos golpes palacianos, para pousarem a cabeça na almofada de Freud. Creio que ainda o ludibriavam.
Vejamos.
O PS sabe que o país não comporta as putativas alterações ao OE pelo TC, mas assobia para o lado. Publicamente. No recato dos gabinetes vive aterrorizado, não vá o diabo tecê-las e ficar com a criança nos braços. E depois, grita Seguro. E depois, grita Seguro. Sem ter ninguém que lhe dê uma resposta.
O PS sabe que a austeridade é para continuar.
Ironicamente, irresponsavelmente, apresentou uma Moção de Censura. Que não vai dar em nada.
O PS pede a demissão do governo.
Um governo não se demite a pedido da oposição por muito que esta grite. Leva o seu mandato até ao fim. No caso presente, se Paulo Portas (CDS) desfizer a Coligação ou Passos Coelho entender que eleições são o melhor caminho.
O PS pede que Cavaco Silva demita o governo.
O presidente da república não o fará. Só convocará eleições antecipadas caso Passos pedir a demissão ou Paulo Portas roer a corda.
Por último, nenhum primeiro-ministro remodela a sua equipa sob pressão. E nas atuais circunstâncias não será fácil encontrar figuras de craveira para substituir pesos pesados como, por exemplo, Vitor Gaspar. E neste caso simpático é preciso que a europa aceite o nome, a figura. Mais: o CDS não abunda de figuras relevantes para remodelar ministras como Cristas ou outros.
Última nota: falar de Relvas é falar de Passos. Querer remodelar Relvas é querer mandar embora o primeiro-ministro. Percebo o alcance da oposição e dos comentadores e homens de opinião, mas como diria um grande amigo meu: «Se fosse primeiro-ministro o Relvas saía a par comigo.» Na vida como na política não há nada como certas coisas.