Domingo, 29.12.13

IV República

    

 

Quando 2013 se despede e prenuncia 2014 algo diferente, pontilhado de alguns sorrisos, quiçá de uma esperança muda, é natural este apelo de renovação ou a firme certeza que só reinventando Portugal haverá uma saída para os portugueses.

Reinventar o futuro é sinónimo de mudar as raízes do regime, de mudar o olhar de quem inova, mudar a vontade de quem quer mudar, pois não basta falar em mudar, não basta em prometer a mudança, é necessário querer mudar.

E mudar é sinónimo de dor, sinónimo de rasgar as vestes do silêncio e do comodismo, sinónimo de aceitar um novo desenho do status quo, sinónimo de derrubar as muralhas do poder reinventando-o e edificando-o à luz deste tempo e das suas necessidades.

Poderemos colocar um espelho – o nosso país – e fazermos uma viagem ao seu caminho. Poderemos olhar e ver o caminho largo e que deixou saudades, o caminho da Monarquia. O seu esplendor e o seu naufrágio trágico.

Poderemos olhá-la, a Monarquia, no seu estertor, como um verdadeiro espelho da nossa crise, do nosso resgate, do nosso desespero e da nossa negação em pagar as nossas misérias, as nossas dívidas. No seu longo percurso a Monarquia foi desafiada nas suas estruturas pelos resgastes que produziu fruto das megalomanias de reis e de príncipes, nunca deixando derrubar-se e prevalecendo o seu esplendor.

Poderemos olhar a Monarquia como um regime que precisava de se reinventar e não foi capaz e daí se derrubar a si mesma. Poderemos olhá-la como um regime de saudade, pois a I República afirmou-se num banho de sangue e nunca o republicanismo se livrou disso.

Poderemos olhar a I República como um hiato, pois nunca soube ser poder ou nunca exerceu o poder para o povo e pior: manteve as estruturas do regime monárquico, vivendo Portugal numa «quase ditadura republicana», dado a oposição ser esquecida do seu papel de fiscalização do poder republicano.

A II República ou a ditadura aparece como corolário dos desvarios dos republicamos, sanando a dívida, recolocando nos eixos a dignidade do país, mas amarfanhando a liberdade. Mudando o regime e os seus desvarios, terminando por o anquilosar, inexoravelmente, ao longo do seu longo reinado. Também cessou pela força.

A atual República, a terceira, deu os seus primeiros passos assumindo um percurso revolucionário e consequente desmantelamento do regime anterior e das suas estruturas. A década de oitenta do século passado firmaria um rumo: fixação de um regime alicerçado nos interesses dos três partidos do arco do poder com as devidas consequências. Após três resgates, neste espaço temporal, nada mudou na forma e no estilo de vida dos portugueses e dos atores políticos desde a fundação da nacionalidade. Tudo se mantém igual e o tempo, e os políticos, mudaram, mantendo-se as relações e interpelações politicas, pessoais, familiares e, acima de tudo de interesses.

A IV República deve surgir com o objetivo único de uma mudança efetiva do regime político, criando-se as ferramentas e os meios para isso. Uma região como a do Vale de Sousa e Tâmega, de meio milhão de habitantes, não pode continuar a ser prejudicada por este sistema eleitoral que elege mais deputados da cidade do Porto do que desta região. Quando falo do Vale de Sousa, posso falar de outras regiões, Vale do Ave e outras. O sistema eleitoral tem de ser revisto, o regime político tem de aceitar esta mudança para se regenerar. Esse é o espirito da IV República.

Falar no número de deputados é o mesmo que questionar o seu excesso. Mudar esta realidade é querer comprar uma guerra com os ditos pequenos partidos, mas é uma necessidade. Outra evidência é terminar com deputados que pouco do seu tempo dão à nação.

A IV República tem emergir da vontade de agilizar o regime regenerando-o, pondo fim a mordomias e outras realidades que só o regime entende.

A consciência coletiva dos males do atual regime, dos males da III República, pois a velocidade da informação é incontrolável, com a internet a tornar o poder, seja ele qual for, num espelho demasiadamente transparente, aconselha a que se repense o estilo e a forma do atual regime, prevalecendo a ponderação e o equilíbrio rumo à IV República.

É mais sensato fazer o caminho desejado pelos portugueses, do que os atores do atual regime firmaram o olhar nas suas certezas inquestionáveis e deixarem cair o regime tal como deixaram cair a soberania do país.

 

In Diário, 29/12/13

publicado por José Carlos Silva às 16:31 | link do post | comentar
Sábado, 28.12.13

O fim do estado de graça

Três meses é um espaço temporal para um estado de graça na política. Três meses é suficiente para verificar que nada vai mudar, nem no estilo nem na forma. Não posso chamar a este deambular por uma presidência de câmara uma continuidade tranquila e natural, é antes de tudo mais do mesmo ou pouco de mais alguma coisa substantiva.

Assim, quando o ano finda, despedindo-se na sua agonia periclitante, podemos afirmar: nada mudou, nada vai mudar e tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes.

A tutela estratégica continuará, agora reforçada por uma energia mais jovem, emergente estrela do circuito familiar que nem Fellini ousaria retratar. Numa ditadura tudo parece normal, numa democracia há a perdição da curiosa inocência, enquanto numa monarquia a sucessão ou a troca de cadeiras é tão aceitável que ninguém questiona. Assim, há a certeza de a ditadura não existir, a monarquia existir mas disfarçada em enganos, e, por último, a democracia ser uma aparente forma de existir mesmo não existindo.

Dirá o mais iluminado dos iluminados: vivemos em democracia. Direi na minha ingenuidade: sim, mas nunca em locais que a monarquia seja rainha e a ditadura de um estratega, elevado a general, seja lei ao fatídico ponto de iniciar democraticamente um cabo nas artes de comandar a tropa sem nunca ser eleito para mandar.

Eu que tinha prometido a mim mesmo que iria assistir de cadeira ao desenrolar do filme, Fellini que me perdoe, sou arrastado pela minha consciência democrática a persistir. Não resisto.

publicado por José Carlos Silva às 21:47 | link do post | comentar

Acreditar, é possível.

 

2013, um ano complexo. Cumpriram-se as linhas de voo. Houve momentos que foram de alegria, sobrepondo-se as manchas cinzentas e os dias de negrura.

2013, riu-se das expetativas. Elas foram feitas de dias claros e olhares de sorriso persistente, contudo fugiram no clarão do engano.

2013, resvalou, por razões diversas para o itinerário incompleto e para um sonho que se cumprirá na certeza do riso e da alegria furtados por um momento de desenho incompleto ou obstinadas ideias que este tempo já não aceita.

2013, desenhou-se na promessa de alegria incomensurável furtada por razões alicerçadas em falsas ideias e ideias balizadas em falsos sorrisos, em estratégias fundadas por certezas falseadas, em estratégias solitárias, em estratégias descaminhadas e crucificadas no exato instante do desfalecer do sonho.

2013, solicitou um esforço suplementar: o sonho jamais morre, permanecendo a alma do caminho interrompido, mas existindo um dever, uma vontade e um querer: persistir na conquista do sonho e amar o sorriso que se perdeu, que perdeu o sonho na hora da alegria.

2013, continuou a ser um ano de beleza, de esperança, apesar da incerteza e da continuidade da tentação em descrer. O itinerário fundiu-se em caminhos estreitos, em luzes pardacentas e esperança diluída em fogachos na noite escura.

2013, um caminho desenhado num misto de dor e alegria, doseado por rebeldias e consensos, limitado de sorrisos e solidões. Um traço descontínuo remetendo a esperança para 2014 e para uma condição: acreditar que é possível continuar a sonhar.

publicado por José Carlos Silva às 15:14 | link do post | comentar

36, 7% - PS; 34, 7% - PSD/CDS/PP. - Um caminho para o Bloco Central a dois anos de eleições!

Por José Carlos Silva, às 13:48 |  comentar
Os partidos da maioria no governo recuperam mais de dois pontos nas intenções de voto face aos resultados registados em Outubro

O PS mantém rigorosamente a percentagem de Outubro, mas no conjunto a esquerda parlamentar desce no barómetro  i/Pitagórica de Dezembro. (...). A actual maioria no parlamento até recupera algum fôlego junto dos portugueses, (...) com 34,7% dos votos.

(...)Os socialistas [contam com os] actuais 36,7%.

 

[36, 7% - PS; 34, 7% - PSD/CDS/PP. - Um caminho para o Bloco Central a dois anos de eleições! - Uma certeza BE e PCP não contam, pois nunca serão parceiros para governar dado o seu radicalismo. Assim, o Bloco Central é a saida certa.]

publicado por José Carlos Silva às 14:02 | link do post | comentar
Sexta-feira, 27.12.13

O Poder Tornado Engano

Estes dias de aparente serenidade têm sido violentados pelo engano, o engano de uma campanha eleitoral enganadora, pois quem logrou vencer logo persistiu no engano, uma continuidade perversa do passado, ao nomear o Nelson Oliveira Chefe de Gabinete e ao manter como assessor o José Santalha (sogro do Nelson Oliveira). Engano que persistiu em esquecer o interesse do CAL e da Pista da Costilha, esquecendo as promessas eleitorais, de campanha, e fazendo de conta.

O poder é, na sua verdadeira liturgia, sinónimo de logro, de engano e de falta de cumprimento do prometido. O poder, raramente, é um ensaio da assunção da realidade, sendo, pois, a antítese do engano, espraiando-se na verdade ou naquilo que podemos considerar uma proximidade à verdade.

O poder é, na sua aceção mais pura, um instrumento do bem, a procura incessante de construir a cidade da perfeição. Contudo, é por todos - ou quase todos - assumido que o poder é a arte do possível, a face oculta da verdade, a noite sem lua cheia, o caminho estreito e repleto de curvas e contracurvas. O poder é mais que isto: ilusão e terreno minado.

O poder sobrepõe-se à própria realidade, quase sempre. É mais forte que o sexo e subestima a justiça tentando denega-la. O poder apresenta múltiplas faces, vestindo a limpidez da manhã ou o seu completo desacerto de sonho acinzentado, apresenta-se com a suavidade da tarde ou veste a sua imensa dor, assim como dança na claridade da noite amando a sua louca sedução como se embrenha no horror da sua negra perdição.

O poder é, por norma, desejado e por norma ninguém lhe pergunta que olhar dardeja ou quais as tentações de que se reveste. Ninguém pergunta, todos desejam o poder, pois é ele que risca o destino.

 

IN DIÁRIO, 27-12-2013

publicado por José Carlos Silva às 20:37 | link do post | comentar

Pedro Machado, começamos mal. As promessas eleitorais já foram esquecidas?!

Pista da Costilha está à venda

PSD quer que Câmara ajude a encontrar

uma solução para o Eurocircuito de Lousada

Para o PSD, é um erro que a Câmara Municipal de Lousada "lave as mãos"
do processo relativo à venda do Eurocircuito. Segundo o presidente
social-democrata, a Pista da Costilha devia a ser um "projecto-âncora"
para atrair mais pessoas ao concelho lousadense.

 

 

Recorde-se que, tal como o VERDAEIRO OLHAR

adiantou na semana passada, o local que já foi

palco de várias provas automobilísticas nacionais

e internacionais está à venda por 1,650 milhões

de euros. Mas se não aparecer um investidor

que queira manter a pista completa, os terrenos

podem ser loteados e vendidos em parcelas.

Agostinho Gaspar critica PDM's que mantiveram terrenos

como sendo de construção

Agostinho Gaspar não tem dúvidas: o Eurocircuito é dos poucos

projectos que difunde o nome de Lousada. Por isso, o presidente

do PSD/Lousada defende que "o município não pode tratar

deste processo como sendo dos outros". "O PSD há muito

que alertou o município para ter uma posição mais interactiva

com o Clube Automóvel de Lousada (CAL) no sentido de encontrar

uma solução", acrescenta.

Solução essa que poderia passar, preferencialmente, pela manutenção

da pista no mesmo local, mas também pela construção de um circuito

automóvel noutro sítio. "Mas teria de ser sempre perto

do centro da vila", alega.

Agostinho Gaspar também critica que a autarquia "tenha permitido

que os sucessivos Planos Directores Municipais mantivessem aquela

zona como de construção", não defendendo os interesses do equipamento

"que mais gente traz a Lousada". "O concelho não é conhecido

por muito mais do que o desporto automóvel. No entanto, a Câmara

tem uma visão caseira da gestão municipal", frisa.

Tal como foi avançado na última edição, a Pista da Costilha

está à venda por um preço fixado em 1,650 milhões de euros

para 50 mil metros quadrados detidos por uma sociedade

denominada Intul e que, na década de 80, comprou os terrenos.

Sociedade que prefere vender todo o complexo dedicado

ao desporto automóvel, evitando, desta forma, que a pista

seja desmantelada e possibilitando a continuidade das corridas

de autocrosse e de ralycrosse em Lousada. Mas se nenhum

investidor cumprir as condições mínimas exigidas, os sócios da Intul

prevêem encontrar outra forma de rentabilizar o investimento feito

há mais de 30 anos e que poderá passar pela divisão do terreno

em parcelas para construção de casas.

O VERDADEIRO OLHAR tentou obter uma reacção do CAL

e da Câmara Municipal de Lousada, mas até ao fecho desta

edição tal não foi possível.

publicado por José Carlos Silva às 18:33 | link do post | comentar
Quarta-feira, 25.12.13

É Natal.

Natal. Natal na minha aldeia. Natal nas aldeias do Mundo. Natal de todos. Natal da vida. Natal do sorriso da criança que corre no areal olhando a imensidão do mar e a sua estranha serenidade. Natal de todas as crianças que sorriem mesmo na dor espúria do nada. Natal de todas crianças que sorriem angustiadas perante o tudo. Natal dos grandes e dos pequenos que esquecem as diferenças e pousam as fúrias e as diferenças por momentos. Natal da vida.

É Natal. Natal do Menino que nasce em todos nós, pois todos nascemos quando Ele nasce e morremos quando esquecemos que ele Vive connosco. Nunca o podemos esquecer: Natal são todos para júbilo do Menino. Ele nasceu por e para isso. Para também nascermos e vivermos com Ele todos os dias e não apenas no Natal.

Natal é hoje, é ontem e é amanhã. A criança que corre no areal da vida olhando o mar estranhamente sereno é o Menino, é todos nós, é a Vida.

Sejamos Natal.

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Segunda-feira, 23.12.13

Natal

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publicado por José Carlos Silva às 10:11 | link do post | comentar
Sexta-feira, 20.12.13

Quando termina esta despudorada e conivente situação? No dia que Entidade Reguladora da Comunicação Social atuar.

No dia que Entidade Reguladora da Comunicação Social atuar terminam as Omissões do TVS.

 

O Jornal TVS omitiu (não publicou) partes importantes da Conferência de Imprensa que a Coligação Lousada Viva produziu e que o TVS fez cobertura.

O Jornal TVS omitiu, por exemplo, a parte do protetorado familiar de alguns dirigentes políticos do Partido Socialista na Câmara de Lousada.

 

O Verdadeiro Olhar publicou: Segundo Agostinho Gaspar, também continua a "reinar o protetorado familiar de alguns dirigentes políticos" na autarquia lousadense. Exemplo disso é, para os social-democratas, a passagem do agora presidente do PS/Lousada, José Santalha, de chefe de gabinete para assessor do presidente da câmara, sendo substituído no antigo cargo pelo genro e ex-presidente da JS/Lousada, Nelson Oliveira. "Depois de ter o tacho já não quis saber da JS", referiu.

 

O TVS omitiu, não publicou tudo o que foi dito na Conferência de Imprensa. Porquê?

O TVS omitiu. Omissão em jornalismo é ser conivente com ditadura. Omitir em jornalismo lembra-me Salazar.

O TVS pecou. Pecou porque foi conivente com o poder instalado.

E ao pecar não cumprir com o que estipula a Lei de Imprensa e o que postula a Entidade Reguladora da Comunicação Social.

Quando termina esta despudorada e conivente situação? No dia que Entidade Reguladora da Comunicação Social atuar.

 

publicado por José Carlos Silva às 22:11 | link do post | comentar
Sábado, 14.12.13

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