Cães-trastes ou Trastes-cães

 

Há cães e cães. Há cães que sabem ser cães. Que achas Cris? A Cris sorria e nada dizia. Preferia ouvir a Lis falar dos devaneios dos cães deste mundo.

Há cães, dizia a Lis, que não ganham emenda: são os ditos cães-trastes ou os trastes-cães, aqueles que raiam a delinquência canina, a quase falta de civilidade, a ausência total de tato politico, o mais profundo narcisismo ego canino e a cegueira politica extrema; e um ódio que tresanda a loucura. Há cães assim. O mundo animal é assim, de uma ferocidade animal, canina, de uma maldade assustadora, de trastes-cães e de cães-trastes que arreganham os dentes numa sede de efemeridade assassina.

A arrogância canina, o ego canino, a ilusão canina de domínio do mundo canino, esse quase louco instante de ser traste-cão ou cão-traste é, em suma, a razão primeira para a gargalhada do mundo animal que por norma assiste alheado a esse frenesim inaudito.

Sabes Lis, dizia a Cris, é uma ironia, a vida é uma ironia, percecionar, cães-trastes ou trastes-cães tornando-se em lobos ou pior: invernos eternos de uma vida que nunca viverão.

publicado por José Carlos Silva às 13:00 | link do post