Menos compreensível será se o PS mostrar mais vigor para o combate político em torno da RTP do que em relação ao premente buraco de 2,8 mil milhões nos impostos, que impedirão o cumprimento do défice de 4,5% inscrito no acordo com a troika.

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Menos compreensível será se o PS mostrar mais vigor para o combate político em torno da RTP do que em relação ao premente buraco de 2,8 mil milhões nos impostos, que impedirão o cumprimento do défice de 4,5% inscrito no acordo com a troika. Sabendo nós que a troika está de volta e que esta é a avaliação em que alguns analistas apostam para conseguirmos dilatar os prazos de pagamento da dívida, cabe aos socialistas - por serem alternativa de Poder e por terem assinado o acordo com a troika - manter a pressão política para que nos seja dado o suplemento de tempo a partir do qual possamos tentar dar início ao relançamento da economia sem temer a bancarrota.

Mas também é verdade que a vida de Seguro não está nada fácil: afinal, o velho património do PS em matéria de governação pesará sempre sobre os novos combates políticos. Se está em causa o acordo com a troika, lá vem à memória, ainda fresca, a assinatura que o então primeiro-ministro, José Sócrates, colocou no acordo de financiamento e intervenção. Se em causa está a privatização da RTP, lá vem à memória corresponsabilidades idênticas em más gestões que acumularam prejuízos e más orientações políticas que originaram défices de pluralismo e isenção e fizeram crescer entre os portugueses a ideia de que a televisão paga por todos nós é mais de uns que de outros.

 

Manuel Tavares, JN