Os Dias Do Fim…

 

 Muito cedo a política me atraiu. Tenra idade. Muito cedo percebi o seu lado nobre, aquele que realmente se entranha e faz com que um ser humano moureje ao longo de anos por ideais.

Desde muito cedo soube que combates políticos de âmbito nacional nunca seriam letais ou abririam brechas nas muralhas do castelo. O baile continuaria em danças e contradanças como se o mau tempo não houvesse existido.

Desde muito novo apreendi que a rotina do quotidiano continuaria impávida e serena desde que houvesse a clara sensação que o senhor do castelo e seus cortesãos não sentissem a iminência da paliçada baixada, o portão derrubado e as prebendas desbaratadas e as alvíssaras por mãos alheias.

Muito cedo aprendi que o desespero do fim torna as pessoas presas ao poder estranhas e assaz curiosas. E é pena.

O poder – toda a forma de poder: incomensurável ou insignificante – é, na sua essência, um bem finito, devendo, por isso ser encarado como uma efemeridade e nunca como uma permanência.

Entendo a quem não quer pensar assim, pois se durante décadas se habituou a viver diariamente nas mordomias, nem coloca a hipótese de saltar do poder.

Imaginam o que é que é perder o poder para quem vive há décadas no e do poder?

Imaginem!

publicado por José Carlos Silva às 22:11 | link do post