As impiedosas sondagens garantem que, em caso de eleições, seria [Hollande] dizimado logo à primeira volta por um regressado Sarkozy.
A razia dos governos
Este fim de semana caiu mais um governo. Desta vez calhou ser o da Islândia, que não é da zona Euro nem sequer da União Europeia mas que é seguida de perto pelos europeus. Porque sofreu uma crise extrema de capitalismo selvagem, porque viu os seus bancos implodir, porque julgou os seus políticos e, mais importante, porque se levantou das cinzas, com uma moeda desvalorizada mas com emprego, crescimento e futuro. Apesar do "sucesso", os eleitores islandeses não hesitaram em despedir o governo e entregar o poder aos partidos que governavam o país na altura da crise e nas décadas que a antecederam.
Mudando de país, hoje passa um ano sobre a chegada ao poder de Hollande, em França. As impiedosas sondagens garantem que, em caso de eleições, seria dizimado logo à primeira volta por um regressado Sarkozy.
O que é que estes dois exemplos têm em comum: os governos estão a ser sovados por todo o lado e as pessoas têm saudades dos tempos em que viviam melhor. É uma situação paradoxal. Mesmo quando corre bem - caso da Islândia - os eleitores optam por "regressar ao passado". E quando corre mal - caso da França - optam na mesma para regressar a um passado onde acham que o seu país tinha mais importância.
Não faz sentido tirar daqui ilações ou eventuais lições. Cada país é um país e as ondas políticas correm em várias direcções e nem sempre com o mesmo tom. Mas há uma coisa que o governo português já percebeu - e que o PS também devia perceber: é que basta chegar ao poder para começar a ser impopular e basta chegar a eleições para ser afastado.
É neste ponto que o Presidente da República - apesar da forma errada como disse - tem razão. As eleições não resolvem o problema de fundo. Apenas os mudam de mãos. Até às eleições seguintes.
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