Dois professores por sala no 1º CEB?

O MEC quer o fim da monodocência no 1º CEB, algo que a Lei de Bases do Sistema Educativo prevê com a figura do professor coadjuvante.


A medida é justificada com o combate ao insucesso escolar nas disciplinas estruturantes: matemática e português.


E a medida vai ser concretizada com o envolvimento dos professores de matemática, português e artes que ficarem com horário zero.

De momento, os números lançados para o ar com previsões sobre horário zero não têm rigor. Até ao final da primeira semana de agosto, estão em formação milhares de turmas. Uma parte, ainda por determinar, dos professores dos quadros obrigados a concorrer a DACL serão "repescados" em agosto. Os que se mantiverem na situação de horário zero serão pressionados a aceitar tarefas de coadjuvação no 1º CEB.

Fenprof, blogues corporativos e comentadores (veja-se o caso de Santana Castilho na crónica do Público de hoje) engrossaram a onda de indignação face ao modo como o MEC trata o dossier "professores dos quadros sem componente letiva". Não me parece que haja razões para tal. Afinal, o MEC tem mantido a promessa de que nenhum professor dos quadros será despedido e nenhum deixará de ser envolvido em tarefas de promoção do sucesso educativo e de prevenção do abandono escolar. Havia razões para a indignação caso o MEC desaproveitasse os conhecimentos e as competências dos professores dos quadros sem atribuição de componente letiva. É bom lembrar que o país está a um passo da bancarrota e não fosse a assistência financeira da troika estaria sem liquidez para pagar os salários dos funcionários públicos. A situação é de emergência nacional mas há ainda quem julgue que vivemos tempos normais.
publicado por José Carlos Silva às 16:28 | link do post