“Orçamento mais modesto que em anos anteriores”

Rute-Cunha

A aproximadamente uma semana do início da Festa Grande, uma das maiores atrações do concelho de Lousada, a presidente da comissão de festas, Rute Cunha, em entrevista ao TVS, elogia o espírito de camaradagem que existe entre os elementos que integram esta estrutura e mostra-se empenhada em fazer desta festividade a melhor dos últimos anos.
Quanto à realização da corrida de touros esclareceu que esta é um complemento ao cartaz e que não comportou quaisquer custos para a comissão. Recordou por fim que a iniciativa é da responsabilidade de um promotor devidamente identificado e credenciado, pelo que a posição da autarquia  e da comissão, está salvaguardada.

TVS: Estava à espera de ser convidada para presidir à comissão de festas? Quais as razões que a levaram a aceitar este desafio?
RC: Não, de facto não esperava ser convidada para presidente. Primeiro porque existem muitas pessoas que colaboram na organização da Festa Grande e cujo contributo é de tal ordem válido, que sempre considerei serem merecedores desse título. Depois, também não é usual uma mulher presidir à comissão.
Quanto às razões que me levaram a aceitar o convite, basicamente baseiam-se no amor a Lousada, na paixão pelas festas e na confiança que tenho nas pessoas que constituem a comissão.

TVS: Que relacionamento tem mantido com os restantes elementos da comissão?
RC: Foi condição para aceitar o convite, ter na comissão deste ano pessoas pelas quais tenho grande respeito e apreço e que, sabia à partida, darem o seu melhor na concretização de mais umas Festas Grandes.
Maioritariamente homens é uma equipa trabalhadora, respeitadora e empenhada e atendendo às características enumeradas a nossa relação só podia ser a melhor. Temos todos a mesma paixão, Lousada e as suas festas.

TVS: Qual o orçamento da festa?
RC: O orçamento é, como já afirmei anteriormente, muito contido. Foi elaborado atendendo às dificuldades financeiras que perspetivamos desde logo ter. Sendo alvo de ajustes regulares, não tenho um número exato, podendo apenas sublinhar que é de facto mais modesto que em anos anteriores, sendo nossa preocupação, contudo, manter a qualidade.

TVS: As atividades que a comissão realiza ao longo do ano para angariar verbas, não pecam por ser escassas?
RC: As atividades realizadas são as possíveis, principalmente este ano, em que só se constituiu comissão em dezembro de 2011.

TVS: Como é que as pessoas estão a reagir ao peditório?
RC: Quando iniciamos os peditórios estávamos bastante receosos, mas no seu decorrer verificamos que quem tem adoração ao Senhor dos Aflitos, quem costuma contribuir, este ano voltou a apoiar a organização da Festa Grande.

TVS: Qual o valor que a autarquia atribuiu à comissão, através da LADEC?
RC: Penso já ter respondido a esta questão numa anterior entrevista. Se me permite, aproveito mais uma vez para agradecer a colaboração da autarquia bem como a colaboração de todos quantos em nome coletivo ou singular contribuem para a realização deste que é o maior cartaz turístico-cultural do concelho.

TVS: É a favor do alargamento do horário noturno junto à tenda de som (discotecas ao ar livre) e das barracas de cerveja?
RC: Sou a favor da sã convivência.

“O objetivo é fazer uma festa digna do seu nome, perpetuar  tradição e chegar ao fim de cara levantada”

TVS: Há quem diga que o programa musical das Sebastianas é melhor que o da Festa Grande. Que comentário lhe oferece fazer?
RC: As festas de Lousada não são só o cartaz musical. As pessoas insistem em comparar Freamunde e Lousada, mas considero necessário uma abordagem realista a esta questão. O orçamento de um e outro concelhos, assim como a forma de trabalhar, os apoios e as condições de trabalho em nada são iguais. Além disso, é preocupação da comissão de festas, fazer uma festa digna do seu nome, perpetuar a tradição e chegar ao fim de cara levantada, por não ter faltado às suas responsabilidades para com os empresários que colaboram na organização deste evento.

TVS: É sabido que as Sebastianas não dispõem do mesmo apoio financeiro da parte da autarquia e ainda assim conseguem apresentar um cartaz tão bom ou melhor. A que se deve esse facto?
RC: As Sebastianas têm no entanto outros apoios e não vejo grandes diferenças a nível qualitativo. Por exemplo este ano, Freamunde repetiu artistas que estiveram em Lousada em 2010 e 2011, Lousada tem também um cartaz musical bastante bom, atendendo às dificuldades já mencionadas. Os artistas convidados são do melhor no género musical que representam.

TVS: Quais os critérios que presidiram à escolha dos grupos? Qual foi o orçamento gasto na contratação das três bandas? Teria optado por outro cartaz?
RC: São essencialmente três os critérios que presidem á escolha dos grupos, manter a qualidade a que Lousada está habituada, o orçamento e o público-alvo. Teria optado por outro cartaz se tivesse condições que me permitissem, ou então, teria complementado o cartaz atual, mas o essencial, é fazer o melhor possível sem correr o risco de faltar às responsabilidades.

 

TVS: Quais os fatores para escolher quem fornece a iluminação e a pirotecnia? É a favor da existência de um concurso para que várias empresas ligadas a esses dois ramos apresentem as suas propostas e seja escolhida a que apresente a melhor relação qualidade/preço?
RC: São-nos apresentadas várias propostas de empresas do ramo, e perante os valores previstos para pirotecnia e iluminação decidimos o melhor orçamento, sem esquecer obviamente a qualidade do serviço a prestar. Como lousadenses, os elementos da comissão têm orgulho nas suas gentes e na sua terra e portanto não mostram qualquer coisa.

TVS: Há novidades quanto ao fogo-de-artifício?
RC: Estamos a estudar algumas possibilidades, mas não havendo ainda nada em concreto não posso afirmar que haja novidades.

TVS: Qual o tema da marcha luminosa?
RC: A marcha luminosa tem tido, pelo menos de há três anos para cá, uma temática concreta. Este ano não será diferente. Sob a designação de Lousada - um concelho de coração aberto ao país e ao mundo, queremos que a última imagem das festas fique na retina dos Lousadenses.

TVS: Por que não um festival de bandas rock, com grupos do concelho como forma de promover o que é da terra?
RC: Teríamos todo o interesse em realizar um espetáculo desse género e foram feitas abordagens nesse âmbito, no entanto, alguns fatores essencialmente de caráter temporal e logístico não permitiram que tal fosse possível.

TVS: No que toca à procissão, vai haver novidades?
RC: Não vejo que novidades poderiam existir na procissão, além disso em Lousada a procissão tem uma excelente organização, constituindo-se como um dos pontos altos da festa. A procissão encerra em si, uma grande manifestação de fé e isso não é conseguido por qualquer novidade que se integre, mas sim pela devoção ao Senhor dos Aflitos.

“A corrida de touros é da responsabilidade de um promotor devidamente identificado e credenciado”

TVS: Admite que foi um erro integrar a corrida de touros no programa da festa? Se fosse hoje tomaria a mesma decisão?
RC: Esta questão já foi mais que debatida. Para a comissão de festas foi mais uma iniciativa, que de forma completamente graciosa, complementou o cartaz. Para alguns foi um erro para outros uma mais-valia. Gostaria no entanto de sublinhar que a abertura e recetividade a qualquer outro evento seria a mesma, dadas as condições em que este evento se irá realizar, ou seja, sem custos para a comissão de festas.

TVS: Como é que reage à posição da Câmara de Lousada que através do vice-presidente emitiu uma nota demarcando-se de toda esta polémica?
RC: Atendendo a toda a polémica em torno deste evento, a autarquia, assim como a comissão de festas, fez o que deveria ter feito. A iniciativa é da responsabilidade de um promotor devidamente identificado e credenciado, pelo que a posição da autarquia está salvaguardada, assim como salvaguardada está também a posição da comissão de festas.

TVS: Considera que a Festa Grande é um motor de desenvolvimento e um veículo na promoção turística do concelho?
RC: Claro que sim. São quatro dias cheios de luz, cor, animação e de muitos forasteiros. Desde aqueles que também fazem a festa, até àqueles que nos visitam, todos contribuem para o desenvolvimento e promoção turística do concelho.

TVS: O que significa ser a primeira mulher a presidir a comissão de festas?
RC: É uma grande honra. Desde pequena que desejava ter parte ativa na festa do concelho, mas nunca via mulheres envolvidas na sua organização. Até que decidi pedir ao Sr. Ernesto Pires, um ícone da Festa Grande, que me levasse consigo para os peditórios. Foi o meu primeiro contacto com a organização da festa. Mais tarde, tive a possibilidade de integrar a comissão e de perceber o quão difícil é o trabalho de todos quantos se dedicam a este evento. Nunca aspirei vir a ser presidente, mas considero de facto uma honra chegar a tal posto, pois as mulheres tiveram sempre um papel secundário na organização das festividades, e os protagonistas foram sempre homens. Este ano temos três mulheres na comissão e o seu sentido pratico, a sua capacidade organizacional entre outros aspetos, são de extrema importância.
Sinto-me também honrada por presidir a comissão, porque é uma forma de prestar homenagem a mulheres como D. Palmira Meireles, D. Noémia entre outras, que, em tempos que já lá vão, deram um precioso contributo às festas.

 

Programa da Festa Grande
Dia 27- sexta-feira
08h30 - Alvorada com salva de morteiros
21h30 - Festival de folclore (Praça das Pocinhas)
23h45 - Sessão de fogo-de-artifício
24h00 - Atuação de José Malhoa

Queima de vacas de fogo

Dia 28 - sábado
08h30 - Alvorada com salva de morteiros e entrada de Zés
P'reiras com gigantones / Feira franca
10h00 - Concurso pecuário (junto à COPAGRI)
21h30 - Programa a designar
23h30 - Sessão de fogo-de-artifício
24h00 - Atuação de Luís Represas & João Gil
Queima de vacas de fogo

Dia 29 - domingo
08h30 - Alvorada com salva de morteiros
09h00 - Entrada da Banda Musical de Lousada
11h00 - Missa solene
14h30 - Entrada da Banda Musical  de Famalicão
15h00 - Concerto pelas referidas bandas
17h30 - Entrada da Fanfarra da U. C. R. Boim
18h30 - Majestosa procissão
21h30 - Concerto nocturno das bandas de música de Lousada e Famalicão
23h15 - Fogo preso
23h45 - Continuação do concerto pelas referidas bandas
01h00 - Atuação de David Carreira
Queima de vacas de fogo

Dia 30 - segunda-feira
08h30 - Alvorada com salva de morteiros
14h00 - Prova de ciclismo organizada pela Associação de Ciclismo do Porto
21h00 - Entrada dos grupos de bombos e Zés Pereiras
21h30 - Entrada da Fanfarra da U. C. R. Boim
23h00 - Grandiosa sessão de fogo-de-artifício
24h00 - Imponente marcha luminosa
Queima de vacas de fogo

Dia 31 - Terça-feira
Programa surpresa 
(Praça das Pocinhas)

 

TVS

publicado por José Carlos Silva às 10:42 | link do post | comentar