Sócrates, Assis, Costa...e as dores de cabeça de António José Seguro

Em abril de 1974 era muito jovem. Em 1976, aquando das primeiras eleições livres jovem era. Os meus treze ou catorze anos remetiam-me ainda para outros interesses, apesar de já nessa época a política ser um mundo que me envolvia e ocupava parte da minha existência.

Conto quase meio século de vida e tenho bem presente esses tempos de incerteza e barafunda, em que a instabilidade política e governativa fazia parte do dia-a-dia, revestindo-se de uma tal normalidade que os portugueses nem se davam conta ou pareciam não estranhar.

Só com o advento da década de oitenta sobreveio a serenidade política e governativa, assistindo-se ao fenómeno das coligações governativas – a AD com Sá Carneiro -, e ao surgimento posterior das maiorias absolutas com Cavaco e Sócrates e novamente AD com Passos.

Assistiu-se a momentos de esquizofrenia política: na década de setenta e oitenta o país colapsou, deslizou para bancarrota, devido ao desvario revolucionário e à política perdulária socialista. Para além deste regabofe, assistiu-se à ausência total de visão do país mas, sim, de meros interesses corporativos, levando governos a demitirem-se, casos de Guterres, Santana Lopes ou outros. O mais rebuscado foi o de Barroso que garantiu uma saída honrosa para Bruxelas.

Na atualidade assiste-se ao número mais caricato da política nacional: o PS porfia em fazer crer ao país que a atual maioria tem de ser demitida. O curioso é que esta maioria foi eleita pelo povo. Está democraticamente mandatada para governar. O líder do PS acha que não.

Porque será?

Há diversas razões. Mas uma é primacial: a sobrevivência política de António José Seguro.

António José Seguro tem António Costa e Assis à perna, já para não falar de Sócrates. E o tempo escasseia.

Não podemos esquecer que a Seguro dava-lhe jeito Autárquicas e Legislativas em outubro.

Daí querer a queda do governo.

E depois António Costa quer ser o próximo presidente da república. Mas Sócrates também quer.

E Assis quer o lugar de Seguro. E Seguro não sabe o que fazer à vida…

publicado por José Carlos Silva às 15:15 | link do post | comentar